O número de pacientes que sofrem danos em consequência de interações medicamentosas é variado: de 6,5 a 20% em hospitalizações a 23% em atendimento ambulatorial.
Quanto mais drogas um paciente recebe, maior a probabilidade de apresentar uma reação adversa secundária ao tratamento farmacológico.
A relevância da polifarmácia baseia-se nas estimativas de usuários de 2 a 3 medicamentos apresentarem 3 a 5% de interações clinicamente importantes (benéficas ou adversas); 6 a 10 medicamentos com 7% de reações adversas; no uso de 10 a 20 medicamentos, esse percentual eleva-se para até́ 20%; podendo chegar a 40% naqueles que recebem 16 a 20 medicamentos prescritos.
No Brasil, há relatos de prevalência de até́ quase 80% de potenciais interações medicamentosas. As interações resultam em modificações do efeito de uma droga no organismo quando administrada em combinação com outras drogas, podendo ocorrer potencialização ou redução do efeito terapêutico e reações adversas com distintos graus de gravidade.
Dessa forma, a interação entre medicamentos pode ser útil (benéfica), causar respostas desfavoráveis não
previstas no tratamento (adversa) ou não apresentar significado clínico.
Alguns fatores associados a interações medicamentosas:
– Polimedicação ou polifarmácia
– Efeito farmacológico múltiplo do medicamento
– Desinformação dos prescritores
-Esquemas terapêuticos clássicos com muitos medicamentos, para melhorar a eficácia de fármaco principal, reduzir a toxicidade ou tratar comorbidades
– Não compreensão do paciente em relação ao tratamento farmacológico
– Uso abusivo de medicamentos e de outras substâncias. (automedicação)
– Desinformação dos dispensadores
– O paciente não informa o médico sobre o uso de outros fármacos
– Falta de uniformização de condutas farmacológicas
Dez passos para reduzir a polifarmácia e as interações medicamentosas
- Rever a lista dos medicamentos prescritos pelo próprio médico e por outros em cada consulta e manter um registro atualizado de todos;
- Habituar-se a identificar todos os medicamentos pelo nome genérico e por grupo terapêutico;
- Certificar-se de que o medicamento que vai ser prescrito tem indicação adequada para o caso;
- Conhecer o perfil de efeitos secundários dos medicamentos prescritos;
- Saber como a farmacocinética e a farmacodinâmica no envelhecimento aumentam o risco de reações adversas dos fármacos;
- Suspender fármacos de benefício desconhecido;
- Suspender qualquer fármaco sem evidência para a indicação clínica;
- Substituir fármacos mais tóxicos por outros de menor toxicidade;
- Estar atento à cascata de prescrição (tratar uma reação adversa a um medicamento acrescentando outro medicamento); e
- Tanto quanto possível, utilizar a regra “uma doença, um fármaco, uma vez ao dia”.
Interação de medicamentos e fitoterápicos
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial utiliza produtos de origem natural para combater problemas como hipertensão, queimaduras, gripe, tosse, constipação, entre outros.
A tabela abaixo mostra deforma resumida algumas interações que ocorrem com esses produtos.
FITOTERÁPICO |
ASSOCIADO COM |
EFEITO |
Erva-doce, |
Drogas |
Quando administrada com drogas hipnóticas, pode prolongar o efeito delas. |
Gengibre (Zingiber |
Hipoglicemiantes |
Existe a possibilidade de diminuição dos níveis de glicose no sangue, podendo, portanto, interferir nesses medicamentos. |
Ginkgo (Ginkgo |
AAs, clopidogrel, |
o uso de ginkgo pode potencializar a ação dessas drogas, aumentando, assim, o risco de sangramentos |
Guaraná́ (Paullinia |
Analgésicos
Anticoagulantes |
potencializa a ação de analgésicos.
o guaraná́ pode inibir a agregação de plaquetas, aumentando o risco de |
Valeriana (Valeriana |
Benzodiazepínicos, |
A valeriana possui ação sedativa, e essa propriedade pode ser potencializada quando utilizada com essas drogas, promovendo, assim, maior tempo de sedação. |
Referência bibliográfica
Barros, Elvino e Helena M. T. Barros. Medicamentos na prática clínica. 1ª edição. 2010.