Em que momento devemos realizar o teste rápido para hanseníase?

Acredito que para muitos, isto seja uma novidade. Sim, já é possível a detecção de hanseníase a partir da realização de testes rápidos. Diversos destes, surgiram a partir de 1980, após a descoberta do antígeno glicolipídeo-fenólico 1(PGL-1), específico do M. leprae, e em 2003, foi desenvolvido aqui no Brasil o teste rápido de fluxo lateral (ML Flow). 

Sua execução, começa a partir de um pequeno furo no dedo (como nos outros testes rápidos), em que um pequeno volume de sangue é retirado, e através da imunocromatografia, ocorre uma reação antígeno/anticorpo, e  forma-se uma linha vermelha – nos casos suspeitos da doença. 

É um teste rápido, barato, portátil, individual, de fácil execução, e com o tempo de duração entre 5-10 minutos,  podendo ser realizado por qualquer profissional de saúde. Além dessas vantagens, adiciona-se o fato de não precisar de armazenamento refrigerado para os seus reagentes, pois são estáveis a temperatura ambiente. 

Mas atenção: o teste rápido não é padrão ouro para o diagnóstico de hanseníase! O exame dermatoneurológico continua sendo mandatório para o diagnóstico, podendo contar com o auxílio de exames adicionais para fechamento do caso, como: a baciloscopia de raspado intradérmico, histopatologia, ultrassom de nervos, eletroneuromiografia, etc. 

Segundo o PCDT da hanseníase de 2022, o teste deve ser ofertado apenas para os contactantes de pacientes com hanseníase, após terem passado por uma avaliação clínica detalhada e cuidadosa. O profissional médico que está na dúvida do fechamento do caso, deve fazer a Ficha de Referência para unidade básica de saúde mais próxima para testagem. Após o resultado, é feita a Contra Referência para o local que solicitou  o exame. Se o resultado for positivo, cabe ao profissional que suspeitou, realizar a Ficha de Notificação para o Distrito, começar o esquema terapêutico do paciente e seguir no acompanhamento clinico até a alta do paciente. Vale destacar que,  contatos que derem negativo no teste, devem saber mais sobre a doença e ficar atentos aos sinais de alterações na pele e/ou perda de sensibilidade. 

A boa notícia é que, além de ser um produto Brasileiro, fruto das pesquisas científicas e em parceria com a instituição privada, em janeiro de 2023, o SUS incorporou esta tecnologia e garantiu sua distribuição pelo território nacional, e o estado da Bahia, não poderia ficar de fora desta conquista – já existem municípios que foram contemplados com estes testes.  

Na Tabela abaixo, não deixe de conferir as UBS em Salvador, com profissionais treinados que já podem realizar o teste rápido para contatos de pacientes com Hanseníase.  

Autora do texto: 

Priscila Caldas Borges – Médica Residente de Medicina de Família e Comunidade (MFC)/ FESF-SUS. 

Referências: 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Atualização em 25/01/2023. Disponível em:< https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase/publicacoes/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-da-hanseniase-2022/view >. Acesso em dez./2023 

MELO, Carolina. CMBiotecs/IPTSP. Testes rápidos de hanseníase desenvolvidos pela UFG serão distribuídos pelo Ministério da Saúde. Disponível em: < https://cmbiotecs.iptsp.ufg.br/n/149906-teste-rapido-de-hanseniase-desenvolvido-pela-ufg-ja-esta-no-mercado >. Acesso: dez/2023 

SOUSA, Marina. Jornal UFG. Testes rápidos de hanseníase desenvolvidos pela UFG serão distribuídos pelo Ministério da Saúde. Disponível em: < https://jornal.ufg.br/n/164519-testes-rapidos-de-hanseniase-desenvolvidos-pela-ufg-serao-distribuidos-pelo-ministerio-da-saude#:~:text=Foi%20anunciado%20pelo%20Minist%C3%A9rio%20da,para%20o%20enfrentamento%20%C3%A0%20hansen%C3%ADase .>. Publicação 31/01/23. 

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