Como as equipes de saúde podem rastrear o diabetes distress (DD)?

As comorbidades psiquiátricas têm prevalência aumentada em pessoas com diabetes e estão associadas a mau controle glicêmico, má adesão ao tratamento e presença de complicações. As equipes de saúde devem manter monitorização de alterações de humor, sono, apetite e convívio social. Desta forma, poderão ser detectados transtornos psicológicos comuns nesta população, como o  diabetes distress, depressão, transtorno de ansiedade e transtornos alimentares.  

O diabetes distress (DD) é uma resposta emocional à convivência com o diabetes, às preocupações específicas da experiência de lidar com uma doença crônica grave que exige múltiplos cuidados continuamente. Também pode surgir do impacto social do diabetes relacionados ao estigma, à discriminação ou à falta de entendimento das pessoas. Identifica-se a presença de DD quando os critérios para o diagnóstico dos transtornos psiquiátricos não são atingidos. 

A escala DDS é uma das escalas validadas em português e adaptadas à população brasileira, podendo ser aplicada para rastreamento do diabetes distress.  A escala de medida varia entre 1 (não stress) e 6 (estresse grave) pontos. O respondente marca um “círculo” para indicar o grau de concordância com cada frase. O número 1 representa que a situação indicada não é um problema, e o número 6 indica um problema sério. Um score maior ou igual a 3  é considerado como um nível de esgotamento recomendável para atenção clínica.  

Por meio deste instrumento, podem ser avaliadas quatro itens abrangentes do stress relacionado ao diabetes: carga emocional (itens 2, 4, 7, 10, 14), angústia relacionada ao médico (itens 1, 5, 11, 15), angústia provocada pela dieta (itens 6, 8, 3, 12, 16) e angústia interpessoal (9, 13, 17).  Pode-se avaliar se a média na pontuação de cada item é maior ou igual a 3 (esgotamento emocional moderado). Também deve-se investigar mais ou começar uma conversa sobre qualquer item individual que tenha tido uma pontuação maior ou igual a 3.  

A escala DDS pode ser utilizada para identificar os problemas enfrentados pelos pacientes convivendo com o diabetes bem como avaliar seu grau de sofrimento emocional.  

Referências: 

Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022 

Raquel Curcio, Neuza Maria Costa Alexandre,  Heloisa de Carvalho Torres, Maria Helena Melo Lima. Acta paul. enferm. 25 (5) • 2012 – Tradução e adaptação do “Diabetes Distress Scale – DDS” na cultura brasileira. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012005000025 

Autor: Dra Roberta Lordelo Lobo CRM 15693 – Médica endocrinologista, graduação Universidade Federal da Bahia, Especialização USP, atua no Centro de Endocrinologia e Diabetes da Bahia – CEDEBA – CODAR.

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