Na Atenção Primária à Saúde (APS), como deve ser o atendimento multiprofissional para crianças menores de dois anos com Síndrome de Down?

O cuidado com a saúde da criança com Síndrome de Down inicialmente deve estar focado no apoio e informação à família e no diagnóstico das doenças associadas. Após esta fase inicial inclui-se estímulo ao aleitamento materno, intervenção precoce, imunização e manutenção da saúde com acompanhamento periódico.³

A intervenção precoce (fisioterapia motora, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia) deve ter início tão logo a criança esteja em boas condições de saúde, e tem como objetivo auxiliar na aquisição dos marcos motores, psicológicos e socioafetivos. É papel da equipe de Atenção Primária à Saúde (APS) coordenar o cuidado multiprofissional, iniciando com o encaminhamento precoce.³

É fundamental recomendar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. Quando se introduz alimentação saudável, mantém-se o aleitamento materno até pelo menos os dois anos de idade.²,³

O acompanhamento do crescimento deve ser realizado utilizando as curvas específicas de peso, comprimento, IMC e perímetro cefálico de zero a dois anos. 

Recomenda-se, atualmente, para Síndrome de Down a utilização das curvas do Center of Diseases Control and Prevention, dos Estados Unidos (2015), desenvolvidas pelo grupo de estudos Down Syndrome Growing Up (DSGS).³ Essas curvas estão disponíveis no link: https://www.sbp.com.br/departamentos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/

O calendário vacinal deverá ser seguido conforme o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde e Manual do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais.³

O acompanhamento odontológico deve ter início nos primeiros meses de vida e ter periodicidade semestral.³

A pessoa com Síndrome de Down deve ser observada como um paciente imunocomprometido, mais sujeito às infecções e doenças autoimunes. Sendo assim, apresentam com maior frequência doenças infecciosas fúngicas, bacterianas e virais de pele, assim como doenças inflamatórias (dermatite seborreica, dermatite atópica, psoríase) e autoimunes (alopecia areata e vitiligo). Dentre os cuidados com a pele destacam-se: hidratação diária, evitar banhos muito quentes e demorados, dando preferência a sabonetes líquidos e o uso de protetor solar nas áreas de pele expostas.³

Os exames e avaliações especializadas recomendados para crianças com Síndrome de Down, estão descritos na Tabela 1.²,³

Tabela 1- Cuidados de saúde específicos para pessoas com Síndrome de Down segundo a faixa etária.

ProcedimentoZero a 2 anos
Hemograma
Ferritina
TSH
Ecocardiograma&
Cariótipo&
Ultrassonografia abdominal&
Avaliação oftalmológica
Avaliação auditiva
Avaliação odontológicaA

A¹ = Primeiras avaliações aos seis e 12 meses, anualmente no seguimento; A= anualmente; &= na suspeita clínica.

Fonte:  Sociedade Brasileira de Pediatria (2023).

Conteudista: Andrea Souza Perez Granja – médica, teleconsultora do Telessaúde Bahia.

Referência:

  1. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down / Ministério da Saúde– 1. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down — Ministério da Saúde (www.gov.br) Acesso em 01 maio 2024.
  2. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Cuidados de saúde às pessoas com Síndrome de Down– 2. ed – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: Cuidados de saúde às pessoas com Síndrome de Down (saude.gov.br) Acesso em 01 maio 2024.
  3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRA. Diretrizes de Atenção à Saúde de Pessoas com Síndrome de Down, 2023. Disponível  em 22400b-Diretrizes de atenção a saude de pessoas com Down.indd (sbp.com.br). Acesso em 01 maio 2024.
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