A Articulação Temporomandibular (ATM) é formada pelo osso temporal e pela mandíbula ou uma combinação dessas estruturas que compõem o sistema estomagnático. A disfunção temporomandibular (DTM), de etiologia multifatorial, diz respeito a uma série de sinais e sintomas, como dor orofacial, cefaleia e desconfortos/alterações funcionais que causam ruídos articulares e limitações de movimento da mandíbula ¹,².
A DTM é um tipo de dor orofacial, de caráter agudo ou crônico, caracterizada como um conjunto de transtornos, envolvendo os músculos mastigatórios, a ATM e estruturas associadas ¹,². Esses componentes comprometem as funções orais e podem interferir na qualidade de vida dos indivíduos 4. Pode ser classificada de acordo a sua origem, como: muscular caracterizada pelo acometimento dos músculos da mastigação (a exemplo do masseter, temporal, pterigóideo medial e pterigóideo lateral); articular, que acomete as estruturas próprias da ATM (a exemplo da cápsula, disco, ligamentos, membrana sinovial); ou mista que acomete ambos os componentes ²³.
O tratamento da DTM é uma responsabilidade compartilhada com todos os profissionais da saúde e o fisioterapeuta contribui na abordagem interdisciplinar. Os objetivos variam na atuação junto aos aspectos funcionais, redução dos sinais flogísticos, exercícios para melhora da amplitude de movimento (ADM) e força muscular, correções posturais (se necessário) e orientação ao paciente em relação ao posicionamento correto da mandíbula 4.
As condutas fisioterapêuticas mais utilizadas, a fim de atingir os objetivos supracitados, são: orientação e educação do paciente quanto à sua condição; termoterapia; eletroterapia, quando possível; cinesioterapia e reeducação postural global. Cada um desses proporciona efeitos que auxiliará na melhora da qualidade de vida do paciente 5.
Os exercícios fisioterapêuticos para o sistema mastigatório incluem: exercícios para melhora da mobilidade; exercícios isométricos para fortalecimento muscular e melhora da coordenação e exercícios repetitivos para melhora da biomecânica articular e da função muscular. Pode-se adotar as manobras de relaxamento, instruções de autocuidado e reeducação postural a fim de promover melhora na sintomatologia, principalmente nas crises agudas. Os exercícios domiciliares podem ser adotados, com o intuito de promover ganhos de ordem psicológica e comportamental no quadro clínico dos pacientes com DTM, uma vez que podem ter efeito na redução da ansiedade 6,7.
Frente ao exposto, compreende-se a importância da atenção integral à saúde bucal do paciente, com a perspectiva do cuidado ampliado a partir do olhar do fisioterapeuta. Neste contexto, é importante o reconhecimento da atuação e a necessidade da exploração desse campo neste nível de atenção.
Referências:
- Hidalgo Ordoñez S, Mora Rojas M, Velásquez Ron B. Efecto de las férulas oclusales en la disfunción temporomandibar: revisión sistemática. Av Odontoestomatol [Internet]. 2021 Ago [citado 2021 Ago 05] ; 37( 2 ): 67-77.
- Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. PROTOCOLO DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR/DTM E DOR OROFACIAL/DORF DA REDE SUSBH [internet]. Prefeitura Belo Horizonte. 2016. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2018/documentos/publicacoes%20atencao%20saude/protocolo-dtm-ultimo.pdf. Acesso em: 05 ago 2021.
- Stüermer, Vanessa Müller. “Avaliação da telessaúde no gerenciamento da disfunção temporomandibular na atenção primária à saúde.” (2020).
- Fuzaro, J. V. D. S. Z. “ATM e Fisioterapia uma Revisão.” (2014). Disponível em: http://www.profala.com/artfisio78.htm. Acesso em: 05 ago 2021.
- Tridapalli, Anna Lara Rachadel. “Tratamento Fisioterápico Das Desordens Temporomandibulares.” (2012). Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/103599. Acesso em: 05 ago 2021.
- FRICTION, J. R.; DUBNER, R. Dor orofacial e desordens temporomandibulares. São Paulo: Santos. 335- 336. 2003.
- Freire, Ariane Bôlla, et al. “Abordagem fisioterapêutica multimodal: efeitos sobre o diagnóstico e a gravidade da disfunção temporomandibular.” Fisioterapia em Movimento 27.2 (2014): 219-227.
Colunista:
Ariane Gomes da Silva
Currículo da colunista: Fisioterapeuta graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Residente Multiprofissional em Saúde da Família pela FESF-SUS.
Contato: ari-gomes@live.com