Quando são realizadas as ações das equipes na atuação do Consultório na Rua, como organizar a segurança dos usuários?

As pessoas em situação de rua se caracterizam como uma população de pobreza extrema, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos e moradia convencional regular inexistente; e, tem o direito de receber os mesmos cuidados em saúde de forma segura, com alta qualidade e segurança. (1) Porém, o tema de segurança do paciente que vive nas ruas tem sido um desafio.

Há uma reflexão sobre o nível ideal de cuidados, adaptação e resposta às necessidades dessa população, por meio do monitoramento de políticas públicas específicas. Nesse contexto, há a necessidade do uso de ferramentas que possam ser adaptadas aos ambientes. Dessa forma, algo que favorece inicialmente, e contribui para promover segurança nesses espaços, é o processo de construção da cartografia, que deve ser feita a partir das saídas da equipe pelo território, dividida em pequenos grupos e observando a dinâmica da rua e da população de rua nas regiões e/ou microrregiões; bem como, identificando instituições e órgãos potencialmente parceiros para o trabalho. (1)

Ressalta-se que, nesse contexto, as atividades in loco demandam menor privacidade. Sendo possível ações, como: entrevista inicial para anamnese; orientação e promoção de saúde; curativos de pequeno porte; atendimentos/avaliações clínicas não invasivas; atendimento em conjunto com os profissionais da equipe e com as equipes das UBS e com os NASFs.

Sugere-se, assim, uma organização de acordo com a realidade local da área, envolvendo uma comunicação coesa quanto a coordenação eficaz de programas, bem como o protagonismo de profissionais envolvidos. Sendo importante considerar alguns aspectos para pensar na construção da cultura de segurança, como: identificar os riscos no local e a observância quanto ao “comportamento” do usuário e do grupo; objetivando, também, a garantia da segurança individual e da equipe. Outro ponto a se considerar é que, dependendo da estrutura disponível no município, se faz necessária a disponibilização de espaços públicos para higienização, com água potável e sabão, nas praças e logradouros públicos, oferta de banheiros químicos e chuveiros. (1) (2) (3)

É importante também que a equipe do Consultório na Rua e as interequipes (NASF, CAPS etc.) tenham momentos de reuniões, para que ocorram planejamentos, discussão de casos, elaboração e acompanhamento de projetos terapêuticos singulares (PTS), dos quais são fundamentais para a atenção integral à saúde, a resolutividade das ações e a gestão do cuidado. (2)

O Ministério da Saúde elaborou o Programa Nacional de Segurança do Paciente, que deve ser aplicado em todos os pontos de atenção à saúde, pois a segurança em saúde não deve começar apenas quando um indivíduo é hospitalizado.

Referências

  1. Silva et Segurança do paciente: ao alcance das pessoas em situação de rua? Rev. Bras. Enferm. 73 (5), 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0114>. Acesso em: 02/03/2022
  2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em situação de rua / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_cuidado_populalcao_rua.pdf>. Acesso em: 02/03/2022
  3. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente / Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
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