Quais os benefícios e as limitações da dieta “LOW CARB”?

Dietas com baixo teor de carboidratos, também chamada “low carb”, têm tido seu uso popularizado e ampliado. Podem ser uma opção terapêutica na perda de peso em pessoas obesas e sobrepeso, em pacientes com ou em risco de doenças cardiometabólicas, como diabetes tipo 2 e doença hepática gordurosa não alcoólica ou para um distúrbio convulsivo.

Não há um consenso claro sobre o que define uma dieta pobre em carboidratos , embora o termo “low carb” inclui dietas que ofertam desde 100g até menos de 50g de carboidrato por dia. A quantidade de ingestão de carboidratos necessária para a saúde ideal em humanos é desconhecida, embora o subsídio dietético recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para adultos sem diabetes seja 130g/dia.

Apesar da evidência de benefícios , há preocupações com a segurança da dieta com baixo teor de carboidratos como a cetose, segurança cardiovascular a longo prazo, efeitos lipídicos e renais. Sendo assim ,é importante conhecer as evidências e a eficácia das abordagens de baixo teor de carboidratos para avaliar pacientes que podem se beneficiar de tal estratégia dietética.

A cetose nutricional pode ser induzida na dieta cetônica, na fase de indução e quando a carga de carboidratos é limitada a menos de 10% da ingestão de macronutrientes ou 20 a 50 g/dia de carboidratos. A recomendação é de cautela no uso de dietas cetogênicas com uso concomitante de inibidores de SGLT-2.

Revisões sistemáticas mostram que as dietas com baixo teor de carboidratos são tão eficazes, se não mais eficazes, para perda de peso em comparação com outras dietas. Entretanto, à medida que a adesão à dieta diminui, o efeito da perda de peso torna-se semelhante a outras abordagens dietéticas após um ano.

Os carboidratos dietéticos aumentam as necessidades de insulina e a redução da ingestão de carboidratos pode melhorar o controle glicêmico. Abordagens ao estilo de vida nutricional e abordagens ao diabetes incluíram baixo carboidrato como uma opção em diretrizes recentes. O efeito das dietas com baixo teor de carboidratos nos fatores de risco cardiovascular continua a ser controverso. Enquanto alguns estudos demonstraram um aumento no colesterol LDL com dietas com baixo teor de carboidratos, outros mostraram mudanças insignificantes. No entanto, outros marcadores metabólicos, como redução de triglicerídeos e aumento de HDL, foram demonstrados com dietas com baixo teor de carboidratos.

Em geral, não há dados que associam alta carga protéica com piora da função renal naqueles com rins normais. Para aqueles com doença renal crônica, uma dieta com baixo teor de proteína pode ser recomendada para prevenir a deterioração renal.

As dietas muito pobres em carboidratos são contra-indicadas em gestantes e lactantes e para pacientes com distúrbios alimentares.

Monitoramento regular dos marcadores de risco cardiovascular e o controle da doença cardiometabólica devem ser uma prioridade. Aqueles com diabetes tipo 2 em uso de insulina ou medicamentos hipoglicemiantes requerem monitoramento rigoroso para hipoglicemia, e a redução de insulina ou medicamentos hipoglicemiantes é prudente com reduções rápidas na glicemia de jejum.

Em todo caso, a tomada de decisão compartilhada e centrada na pessoa para determinar estratégias nutricionais e medicamentosas é uma abordagem válida.

Referências: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/

Autores:

Roberta Lordelo Lobo – Médica endocrinologista, pela FMUSP, CRM 15693. Atua na CODAR/ Centro de Diabetes em Endocrinologista do Estado da Bahia.

Suane Evangelista Moreira Sousa – Nutricionista, pela UNEB, CRN-5 1528. Atua na CODAR/ Centro de Diabetes em Endocrinologista do Estado da Bahia

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