Quais as 10 coisas que você precisa saber sobre deficiência de crescimento?

Muitos fatores podem contribuir para que uma criança ou adolescente tenha um problema de crescimento, entre eles podem estar herança genética e alterações na produção hormonal.

A edição do “10 coisas que você precisa saber sobre”, traz informações importantes sobre os problemas de crescimento, suas causas e tratamentos.

1 – A sigla GH (do inglês Growth Hormone) se refere ao hormônio do crescimento. O GH é produzido pela glândula hipófise, situada na base do crânio, que é controlado pelo hipotálamo. Todas as pessoas saudáveis produzem GH durante toda a vida. O GH é indispensável durante o período de crescimento e sem ele a estatura adulta normal não pode ser alcançada. Além de controlar o crescimento, o GH tem outras funções importantes para nossa saúde.

2 – Para avaliar o ritmo de desenvolvimento, os médicos utilizam, além das curvas de crescimento, o cálculo da velocidade de crescimento (VC). Para isso é preciso ter pelo menos duas medidas de estatura e um intervalo de tempo entre elas. Nos primeiros meses de vida as medidas podem ser mensais, mas depois a cada quatro ou seis meses. No primeiro ano de vida a criança cresce cerca de 25 cm, ocorrendo uma desaceleração progressiva da VC. Entre os três anos até o início da puberdade, uma criança normal deve crescer cerca de 5 a 7 cm a cada ano. Na puberdade o ritmo de crescimento volta a acelerar, ocorrendo o estirão de crescimento puberal. O acompanhamento com o Pediatra é fundamental para detectar precocemente qualquer alteração da VC. Esta rotina permite o diagnóstico precoce de doenças que afetam o crescimento. Quando o crescimento é menor que o esperado, o ideal é que um especialista seja consultado. Quanto mais cedo for percebido o problema, melhores serão as chances de recuperação.

3 – O nanismo é um termo usado no passado para situações de baixa estatura muito grave. Atualmente recomenda-se que este termo seja substituído. Essa situação manifesta-se principalmente a partir dos dois anos de idade, impedindo o crescimento e desenvolvimento durante a infância e adolescência. Pode ser causado por deficiência de hormônio de crescimento (chamado no passado de nanismo hipofisário), por doenças da cartilagem de crescimento e/ou outras condições genéticas mais raras.

4 – Quando o corpo humano produz GH em excesso, causa uma doença conhecida como gigantismo. É um quadro de crescimento exagerado, acompanhado de outros problemas graves de saúde. Pode surgir na infância ou durante a puberdade. Quando este problema acontece na vida adulta, não há gigantismo, porém ocorre um problema chamado acromegalia.

5 – A deficiência de GH pode ser causada por problemas congênitos (geralmente de causa genética), tumores cranianos, radioterapia, traumatismo cranioencefálico, doenças infecciosas ou inflamatórias, entre outras. Muitas vezes não é possível identificar a causa da deficiência, mesmo realizando todos os exames disponíveis.

6 – Uma forma de se suspeitar de problemas de crescimento é observar que a criança está demorando muito para trocar a numeração de roupas e calçados ou quando ela se torna a menor em estatura de sua turma da escola. Esses são sinais importantes que devem estimular os pais a procurar o médico especialista.

7 – As crianças devem ser medidas e os dados de peso e estatura precisam ser colocados nos gráficos de crescimento para serem interpretados corretamente. Só assim é possível comparar as medidas da criança com as de outras crianças da mesma idade e sexo e também com a estatura dos pais. A estatura dos pais é importante para se conhecer a estatura-alvo e o canal de crescimento personalizado de cada família.

8 – O crescimento acontece até que haja a fusão ou fechamento das cartilagens de crescimento, que se localizam nas extremidades dos ossos longos do corpo. A época em que ocorre o término do crescimento vai depender muito da idade de início e de término da puberdade. Depois que as cartilagens dos ossos longos se fecham, não há mais possibilidade de crescer, mesmo recebendo tratamento com GH recombinante (ou Somatropina; produzido artificialmente em laboratório).

9 – Adultos com deficiência de GH podem se beneficiar da reposição do hormônio de crescimento. Nesses casos o tratamento com GH produz outros benefícios para a saúde como melhora da capacidade física, aumento da massa magra (ossos e músculos), redução da gordura corporal e melhora de alguns indicadores de qualidade de vida.  Entretanto, algumas pessoas sem deficiência de GH utilizam o GH erroneamente para tratar a obesidade, reduzir o processo de envelhecimento e melhorar o desempenho físico. O tratamento com GH medicação é contraindicado para esses fins por não ser considerado seguro, por trazer riscos de doenças e complicações graves. No esporte, a sua utilização é considerada ilícita e passível de punição por doping.

10 – A investigação dos problemas de crescimento geralmente é realizada da seguinte forma: inicialmente o endocrinologista avalia o histórico de saúde da criança e da família, incluindo os antecedentes gestacionais e de nascimento, além do exame físico completo para identificar outros sinais de doenças. Depois realiza a pesquisa de possíveis causas por meio de exames laboratoriais e radiológicos. O diagnóstico de deficiência de GH envolve a necessidade de se realizar testes de estímulo com duração de duas a três horas e que devem ser feitos em centros especializados. Se for constatada deficiência de GH, o endocrinologista indicará o tratamento com GH recombinante. Este medicamento é aplicado por meio de injeções diárias durante toda a infância e puberdade, pelo menos. É importante saber que existem outras situações que atrapalham o crescimento normal e que também podem ser tratadas com GH recombinantes. Portanto, só use GH ou outro hormônio sob a orientação de um médico endocrinologista certificado pela SBEM.

Reprodução

Jornalismo SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) em 11 de agosto de 2021/ Consultoria da Dr. Sonir Roberto Rauber Antonini, presidente do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da SBEM 2021/2022.

Enviado por CEDEBA

COMPARTILHE