Malária: quando suspeitar em uma região não endêmica e qual a responsabilidade dos profissionais da atenção primária à saúde?

A malária é uma doença infecciosa cujo agente etiológico é um protozoário do gênero Plasmodium. A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada de fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles, sendo mais importante no País a espécie Anopheles darlingi, cujos criadouros preferenciais são coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes na Amazônia brasileira, que abrange cerca de 99% da zona de transmissão da malária.

O fato de não ser uma região endêmica de malária não exclui o município de surtos da doença. O quadro clássico da malária consiste em febre alta, calafrios, dor de cabeça, lombalgia, mialgia generalizada e inapetência. O padrão clássico, de febre intermitente em intervalos regulares (terçã – a cada 48 horas; quartã – a cada 72 horas), só é observado, habitualmente, após cinco ou mais dias de sintomas, quando os ciclos de diferentes populações de parasitos se sincronizam, de forma que qualquer quadro febril deve ser considerado como potencialmente suspeito de malária.

Todos os pacientes com síndrome febril aguda, especialmente aqueles com viagens recentes para regiões endêmicas de malária, devem ser investigados de forma sistemática para a doença, considerando a malária no diagnóstico diferencial. Veja o algoritmo para investigação de quadro febril em área não endêmica de malária.

Dessa forma, os profissionais de saúde que atuam na atenção básica em regiões endêmicas e não endêmicas para malária no Brasil, devem estar preparados para realizar o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado, mesmo diante da diversidade clínica e epidemiológica dos casos, visto que, a malária pode ser introduzida em um município a partir de um caso positivo diagnosticado tardiamente, podendo evoluir para forma grave e até para o óbito. Ressalta-se ainda a importância das ações das equipes de vigilância na comunicação dos casos confirmados e detecção de novos casos. 

Referências 

(1) Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Tratamento da Malária no Brasil. 2. ed. atual. – Brasília, 2021. 84 p. : il. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/malaria/tratamento/guia_tratamento_malaria_2nov21_isbn_site.pdf/view. Acesso em 13 de abril de 2023. 

(2) Nescon. UFMG. Malária na Atenção primária à Saúde. Belo Horizonte. 2020. Disponível em:  https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/Malaria-Atencao-Primaria-Saude_05_11_2020%20_ATUALIZADO.pdf. Acesso em 13 de abril de 2023. 

(3) Brasil. Conheça a Malária. Disponível em: https://www.fiocruz.br/ioc/media/malaria%20folder.pdf . Acesso em 13 de abril de 2023. 

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