Como proceder as glicemias capilares e os descartes dos insumos?

A glicemia capilar é um método rápido de medição da concentração de glicose nos vasos capilares da polpa digital de uma das extremidades do corpo. Utiliza-se um dispositivo chamado glicosímetro, que utiliza tiras biossensoras descartáveis contendo glicose desidrogenase ou glicose oxidase acoplada a um dispositivo que faz a captação elétrica da hemoglobina.

Atualmente, o termo mais utilizado é “glicemia ponta de dedo” ou “glicemia capilar”, substituindo o termo “dextro” que caiu em desuso. O termo “dextro” era uma abreviação do nome comercial de um produto que não está mais disponível e não deve ser utilizado.

O monitoramento diário da glicemia capilar é essencial para o controle do diabetes e está associado ao controle glicêmico e à prevenção de complicações. A frequência desse monitoramento varia de acordo com a necessidade individual e a adequação clínica do tratamento, e é extremamente importante para os profissionais de saúde:

  • Identificar tendências de oscilação da glicemia.
  • Conhecer fatores que podem causar hipoglicemia ou hiperglicemia.
  • Avaliar o impacto da alimentação, atividades físicas e medicamentos no diabetes.
  • Identificar necessidade de mudanças no tratamento.
  • Saber como agir em situações especiais.
  • Confirmar se determinados sintomas estão relacionados a algum descontrole glicêmico.
  • Promover a adesão ao tratamento.

Aqui está o passo a passo para o procedimento correto:

  1. Lave as mãos com água e sabonete líquido hipoalergênico, seguindo uma técnica padronizada.
  2. Reúna todo o material necessário: glicosímetro, lanceta e/ou lancetador, tira reagente, algodão e álcool 70% líquido.
  3. Verifique a validade da tira reagente e siga as instruções de uso do aparelho. Se necessário, verifique o código de segurança entre o aparelho e a tira reagente e aguarde o glicosímetro ligar automaticamente.
  4. Esfregue as mãos uma contra a outra para aquecê-las, caso estejam frias.
  5. Faça a antissepsia com álcool 70% líquido no local da punção, não utilizando álcool em gel ou perfumado. Espere o álcool secar completamente na pele.
  6. Certifique-se de que o local da punção esteja bem seco.
  7. Posicione a mão de forma a facilitar a colocação da gota de sangue na tira reagente. Se necessário, faça no máximo três ordenhas do dedo da base para a ponta.
  8. Posicione o lancetador ou lanceta e faça a punção na polpa digital lateral, evitando a polpa digital central devido à sensação dolorosa.
  9. Deposite uma gota de sangue no local indicado da tira reagente, preenchendo-o o suficiente para verificar a glicemia.
  10. Aguarde o tempo determinado para a leitura, de acordo com a padronização do glicosímetro.
  11. Retire a tira reagente do glicosímetro e descarte os materiais perfurocortantes e contaminados nos recipientes apropriados.
  12. Registre o valor da glicemia capilar no prontuário ou no mapa de monitorização.

É importante destacar que todos os glicosímetros devem ser reconhecidos e liberados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Os insumos para as punções capilares incluem lancetas retráteis ou lancetadores em formato de caneta. Os lancetadores são individuais, ou seja, não devem ser compartilhados nem utilizados em ambientes hospitalares. É necessário realizar as punções em diferentes dedos e em diferentes regiões laterais ao longo do dia e da semana para evitar a perda da impressão digital e aumentar a sensação dolorosa. A profundidade da punção capilar deve ser ajustada à espessura da pele, evitando lesões nos dedos e possíveis falta de adesão ou interrupção do procedimento por parte das pessoas com diabetes que necessitam realizá-lo.

Os dispositivos utilizados para aplicação de insulina e realização da glicemia são fontes importantes de resíduos perfurocortantes, biológicos e químicos (lixo contaminado). Se não sejam descartados corretamente, podem causar ferimentos e transmitir doenças, como hepatite, além de contaminar o meio ambiente.

Em domicílio, é necessário que o profissional de saúde recomende um recipiente com características semelhantes aos utilizados nos serviços de saúde: material inquebrável, paredes duras e resistentes a furos, com boca larga para permitir o descarte seguro do material. Identifique o recipiente como “Perigo!”. As garrafas tipo PET não são recomendadas, pois geralmente possuem paredes frágeis e boca estreita.

Elaboração: Maria das Graças Velanes de Faria – Enfermeira (COREN-Ba 39.834); Especialista em Educação em Diabetes; Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia / Coordenadora de Educação em Diabetes e Apoio à Rede.

Referências:

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