Como abordar o tabagismo na comunidade?

O tabagismo é uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Estimular a sua interrupção faz parte das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)1

A abordagem breve/mínima/básica, é uma das estratégias que podem ser utilizadas por qualquer profissional de saúde, inclusive nos momentos da consulta clínica, como método de abordagem inicial para todos os pacientes. Essa abordagem consiste em identificar os usuários fumantes por meio de perguntas e posterior avaliação do estímulo a cessação do tabagismo, aconselhamento e preparo para que deixe de fumar. A intervenção leva no máximo 3 minutos e se configura em uma iniciativa de incentivo a cessação do tabagismo2

A abordagem breve/mínima/básica pode ser realizada nas consultas de rotina por meio das seguintes perguntas2

Você fuma?  Fuma há quanto tempo?  (Permite distinguir o uso contínuo do esporádico) 

Já pensou em marcar uma data para deixar de fumar? (avalia o estímulo do paciente para deixar de fumar) 

Quantos cigarros você fuma por dia? (o número de cigarros consumidos no dia está diretamente relacionado com as crises de abstinência. O usuário que consome um número igual ou maior que 20 cigarros possuem maiores chances de ter essas crises) 

Quanto tempo após acordar você acende o primeiro cigarro? (quanto mais cedo após acordar o paciente consumir o primeiro cigarro, maior será sua chance de ter crises de abstinência). 

Em caso de resposta positiva, questionar2

Quando você tentou parar de fumar, o que aconteceu? (busca identificar dificuldades e facilidades na tentativa de cessação do tabagismo). 

Caso o usuário se mostre motivado em parar de fumar o profissional de saúde pode realizar orientações que o ajude nesse processo, são elas: 

Explicar que a ambivalência faz parte do processo de cessação do tabagismo, estimular a substituição do hábito de fumar por outras atividades de forma a desvincular o cigarro de suas rotinas diárias, orientar que o ganho de peso pode ocorrer no primeiro ano após parar de fumar mais que o peso geralmente retorna ao esperado, dar dicas práticas para controle de peso nesse período incluindo ingestão de alimentação saudável, atividade física e evitar ficar muitas horas sem se alimentar, orientar sobre os sintomas da síndrome de abstinência, sugerir uma data para que o usuário pare de fumar, evitar ambientes que incentivem o fumo, orientar sobre prevenção de recaídas, falar da relação entre álcool e cigarro3

Todos os profissionais da saúde devem perguntar sobre o uso do tabaco, não apenas nas consultas de rotina, mais também em outros espaços como visitas domiciliares, salas de espera, trabalhos de grupo entre outros, podendo dar orientações sobre a mudança desse hábito. É fundamental considerar a abordagem breve/mínima/básica como uma ferramenta importante, que deve ser utilizada por todos os profissionais de saúde. Nos casos de ser identificado que a abordagem breve/mínima/básica não é suficiente, esses pacientes podem ser orientados a procurarem abordagem individual mais intensiva e/ou tratamento em grupo, podendo também fazer uso de tratamento medicamentoso que auxiliam na cessação do tabagismo 2 3

Referências 

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Nota Técnica Dia Nacional de Combate ao Fumo – 29 de agosto. Brasília, 2021. 09 p. Disponível em: www.inca.gov.br. Acesso em 15 de maio de 2023.  
  1. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle do Tabagismo: Abordagem breve/mínima/básica na cessação do tabagismo uma ação ao alcance de todos os profissionais de saúde. Brasília, 2021. 24 p. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/abordagem-breve-minima-basica-na-cessacao-do-tabagismo. Acesso em 15 de maio de 2023.  
  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: o cuidado da pessoa tabagista / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 154 p.: il. (Cadernos da Atenção Básica, n. 40). 
COMPARTILHE