Assistência e cuidados à saúde bucal na Atenção Primária.

Marina da Silva Barbosa

A atenção primária tem recebido apoio assistencial de extrema importância para os usuários visto que: durante muitos anos, no Brasil, a inserção da saúde bucal no SUS deu-se de forma paralela e afastada do processo de organização dos demais serviços de saúde.

Atualmente, essa tendência vem sendo revertida, observando-se o esforço para promover uma maior integração da saúde bucal nos serviços de saúde em geral, a partir da conjugação de saberes e práticas que apontem para a promoção e vigilância em saúde, para revisão das práticas assistenciais que incorporam a abordagem familiar e a defesa da vida. (BRASIL, 2008).

A promoção da saúde bucal está inserida num conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva². Significa a construção de políticas públicas saudáveis, o desenvolvimento de estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidades de acesso à água tratada, incentive a fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados².

Ações de promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens sobre os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos (diabete, hipertensão, obesidade, trauma e câncer) tais como: políticas de alimentação saudável para reduzir o consumo de açúcares, abordagem comunitária para aumentar o autocuidado com a higiene corporal e bucal, política de eliminação do tabagismo e de redução de acidente.(BRASIL, 2004).

Conforme traz o caderno de atenção básica nº 17 (2008): Desenvolver intervenções centradas na promoção da saúde, incluindo ações individuais e coletivas, entre as quais: educativas, de prevenção e detecção precoce das lesões de mucosa e câncer de boca, para todas as faixas etárias, direcionadas ao controle dos fatores e condições de risco, estimulando o exame sistemático da cavidade bucal pelos profissionais de saúde para detecção precoce.

A assistência odontológica pública no Brasil tem-se restringido quase que completamente aos serviços básicos — ainda assim, com grande demanda reprimida. Os dados mais recentes indicam que, no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados correspondem a não mais do que 3,5% do total de procedimentos clínicos odontológicos².

É evidente a baixa capacidade de oferta dos serviços de atenção secundária e terciária comprometendo, em consequência, o estabelecimento de adequados sistemas de referência e contra-referência em saúde bucal na quase totalidade dos sistemas loco-regionais de saúde. A expansão da rede assistencial de atenção secundária e terciária não acompanhou, no setor odontológico, o crescimento da oferta de serviços de atenção básica (BRASIL, 2004)

 

FONTE: BRASIL, 2004.

A pandemia mostrou claramente a necessidade da otimização de processos na Odontologia e como a teleodontologia pode ser uma ferramenta poderosa, à medida em que permite a realização de telemonitoria e teleorintação, possibilitando a comunicação com o paciente, melhorando a compreensão da gravidade do caso e definindo a necessidade urgente ou não de visita presencial (4).

Ainda é possível realizar orientações diversas, como prescrição de medicamentos, orientação de higiene, orientação pós procedimentos. Outro aspecto relevante é que a teleodontologia contribui para evitar aglomeração, auxiliando no controle da pandemia. Portanto, é possível afirmar que a aplicação da teleodontologia, se bem planejada e bem compreendida, e a partir de dados coletados corretamente e com segurança, pode gerar otimização de processos, resultando em economia de recursos financeiros e de tempo para o sistema de saúde e para os usuários. (4)\

 

Colunista: Marina da Silva Barbosa– Residente de Medicina de Família e Comunidade pela FESF (Fundação Estatal Saúde da Família). 

 

Referências:

1- BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes da política nacional de saúde bucal. Brasília: 2004. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/brasilsorridente.

2- BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes da política nacional de saúde bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

3- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Bucal / Brasília : 2008. 92 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; 17). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf

4: Manual prático para uso da teleodontologia [versão preliminar] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Saúde da Família. – Brasília : 2022. 52 p. Disponivel em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/teleodontologia.pf

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